29 de nov. de 2007

European Film Awards

Segue a relação completa dos indicados ao European Film Awards deste ano.

Melhor Filme:
- 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias
- “Do Outro Lado”
- O Último Rei da Escócia
- Piaf - Um Hino ao Amor
- “Persépolis”
- A Rainha


Melhor Diretor:
- Stephen Frears (A Rainha)
- Fatih Akin (”Do Outro Lado”)
- Roy Andersson (”Du Levande”)
- Kevin Macdonald (O Último Rei da Escócia)
- Cristian Mungiu (4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias)
- Giuseppe Tornatore (”A Desconhecida”)


Melhor Ator:
- Elio Germano (”Meu Irmão é Filho Único”)
- Sasson Gabai (”The Band’s Visit”)
- James McAvoy (O Último Rei da Escócia)
- Miki Manojlovic (Irina Palm)
- Michel Piccoli (Sempre Bela)
- Ben Whishaw (Perfume - A História de um Assassino)


Melhor Atriz:
- Marion Cotillard (Piaf - Um Hino ao Amor)
- Helen Mirren (A Rainha)
- Marianne Faithfull (Irina Palm)
- Carice von Houten (”A Espiã”)
- Anamaria Marinca (4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias)
- Ksenia Rappoport (”A Desconhecida”)


Melhor Roteiro:
- “Do Outro Lado”
- “The Band’s Visit”
- A Rainha
- 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias


Melhor Fotografia:
- O Último Rei da Escócia
- “Izignanie”
- Perfume - A História de um Assassino
- “A Desconhecida”


Melhor Trilha Sonora:
- Perfume - A História de um Assassino
- A Rainha
- “Gucha”
- O Último Rei da Escócia


Prêmio de Excelência:
- Perfume - A História de um Assassino (cenografia)
- “Vier Minuten” (som)
- Alatriste (figurino)
- Piaf - Um Hino ao Amor (maquiagem)
- A Rainha (edição)

Briga Boa

Analisando os indicados do European Film Awards pude notar uma bela disputa na categoria de melhor atriz: Helen Mirren x Marion Cotillard.

Ambas estão estupendas em seus respectivos filmes. E no Oscar e no Globo de Ouro esta disputa não ocorrerá, já que A Rainha foi lançado nos Estados Unidos em 2006.

Na verdade acho estranha a inclusão de Helen Mirren nesta disputa, visto que também no BAFTA, o “Oscar inglês”, A Rainha disputou como sendo de 2006. Não encontrei no site do European Film Awards algo que justifique esta situação.

Confesso que precisaria pensar bem antes de escolher uma delas. Alguém se arrisca?

28 de nov. de 2007

Independent Spirit Awards

Segue logo abaixo a relação completa dos indicados ao Independent Spirit Awards 2008:


Melhor Filme:
- O Escafandro e a Borboleta
- I’m Not There
- “Juno”
- O Preço da Coragem
- Paranoid Park


Melhor Diretor:
- Todd Haynes (I’m Not There)
- Tamara Jenkins (”The Savages”)
- Jason Reitman (”Juno”)
- Julian Schnabel (O Escafandro e a Borboleta)
- Gus Van Sant (Paranoid Park)


Melhor Ator:
- Pedro Castaneda (”August Evening”)
- Don Cheadle (”Talk to Me”)
- Philip Seymour Hoffman (”The Savages”)
- Frank Langella (”Starting Out in the Evening”)
- Tony Leung (Lust, Caution)


Melhor Atriz:
- Angelina Jolie (O Poder da Coragem)
- Sienna Miller (Entrevista)
- Ellen Page (”Juno”)
- Parker Posey (”Broken English”)
- Wei Tang (Lust, Caution)


Melhor Ator Coadjuvante:
- Chiwetel Ejiofor (”Talk to Me”)
- Marcus Carl Franklin (I’m Not There)
- Kene Holliday (”Great World of Sound”)
- Steve Zahn (O Sobrevivente)
- Irfan Khan (Nome de Família)


Melhor Atriz Coadjuvante:
- Cate Blanchett (I’m Not There)
- Anna Kendrick (”Rocket Science”)
- Jennifer Jason Leigh (”Margot at the Wedding”)
- Tamara Podemski (”Four Sheets to the Wind”)
- Marisa Tomei (Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto)


Melhor Filme de Estréia:
- “2 Dias em Paris”
- “Great World of Sound”
- “The Lookout”
- “Rocket Science”
- “Vanaja”


Prêmio John Cassavetes - Filmes Feitos por até US$ 500 mil:
- “August Evening”
- “Owl and the Sparrow”
- “The Pool”
- “Quiet City”
- “Shotgun Stories”


Melhor Roteiro:
- O Escafandro e a Borboleta
- “The Savages”
- “Starting Out in the Evening”
- “Year of the Dog”
- Garçonete


Melhor Roteiro de Estréia:
- “Rocket Science”
- “Broken English”
- “Juno”
- Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto
- O Poder da Coragem


Melhor Fotografia:
- “The Savages”
- O Escafandro e a Borboleta
- “Vanaja”
- “Youth Without Youth”
- Lust, Caution


Melhor Documentário:
- “Crazy Love”
- “Lake of Fire”
- “Manufactured Landscapes”
- “The Monastery”
- “The Prisoner or: How I Planned to Kill Tony Blair”


Melhor Filme Estrangeiro:
- 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (Romênia)
- Lady Chatterley (França)
- “Once” (Irlanda)
- “The Band’s Visit” (Israel)
- “Persépolis” (França)


Prêmio Robert Altman:
- I’m Not There

Framboesas

E continua acirrada a disputa… Pelas Framboesas de Ouro! Por incrível que pareça, tudo indica que, pela primeira vez, vão livrar a cara de Sylvester Stallone. Não que Rocky Balboa mereça ser lembrado, mas em se tratando de Sly, que costuma ser indicado toda vez que põe a cara na tela, o esquecimento já é uma grande vitória.

Não é nenhuma surpresa estarem cotados filmes como Bratz: O Filme, Motoqueiro Fantasma, Os Mensageiros, Piratas do Caribe 3, Transformers e Licença para Casar. O que me causa espanto é as pessoas estarem indicando O Amor nos Tempos do Cólera e Leões e Cordeiros. O primeiro, se não chega a empolgar, está longe de ser o desastre que alguns vêm alardeando. Trata-se de um filme correto, cujo maior pecado é não ter conseguido reproduzir a magia do romance de Gabriel García Márquez. O que, convenhamos, não justifica tascar-lhe uma Framboesa.

Já no caso de Leões e Cordeiros, a injustiça é maior ainda. O novo filme do sempre engajado Robert Redford traz para as telas um verdadeiro duelo de ideologias e ótimas interpretações. A história se desenvolve em três blocos básicos: na entrevista que um esperto senador republicano dá a uma jornalista liberal, tentando cooptá-la para sua causa; na conversa entre um professor de ciências políticas e um aluno que questiona a importância do que ele tem a ensinar; e na luta pela sobrevivência de dois soldados em meio a uma emboscada no Afeganistão. Os soldados, ex-alunos do professor, ilustram a solução miraculosa do senador para a região. O filme, como num debate político, dá chance para que cada um extravase seu ponto de vista e tente, assim, convencer a nós, espectadores. Como não podia deixar de ser, os diálogos são afiadíssimos. Indicar um filme desses ao Framboesa seria passar atestado de incapacidade intelectual.

Encantada


O filme conta a história da princesa Giselle, que vive num mundo mágico, musical e perfeito. Mas no dia do seu casamento, a madrasta de seu amado príncipe Edward a empurra num poço amaldiçoado. Giselle vai parar nas caóticas ruas de Manhattan, sem compreender onde está nem quem são aquelas rudes e apressadas pessoas. É quando Robert, um advogado pragmático, cruza seu caminho e resolve ajudá-la, criando um divertido contraste entre um personagem de contos-de-fada e um advogado dos dias de hoje.

A exemplo do também bom Deu a Louca na Chapeuzinho, o filme faz humor inteligente ao utilizar num novo contexto a doçura exagerada dos contos-de-fada. Giselle, como diz Robert numa cena, parece saída de um cartão da Hallmark. Ela canta, rodopia, sorri, conversa com animaizinhos e fala sem parar no príncipe com quem deve se casar e ser feliz para sempre. Imaginem uma figura dessas no meio do Central Park. E imaginem o Príncipe Edward, um cara que chega a caráter e mete uma espada no teto de um ônibus em plena Broadway, mas desconhece o que é uma televisão. Pois é. Encantada também brinca com a estrutura desse tipo de filme. Um bom exemplo disso é quando Robert dá de cara com o príncipe Edward e se desespera “Ah, não, você também canta”.

O elenco é carismático e bem escalado, com boa química no trio formado por Amy Adams, Patrick Dempsey e James Marsden. E não se pode deixar de ressaltar a incrível semelhança entre Thimothy Spall e seu equivalente em desenho – o problema é que é difícil olhar para o ator e não lembrar do Rabicho da série Harry Potter.

O filme exagera um pouco no final e algumas coisas parecem acontecer tão-somente para servir aos propósitos do roteiro, mas esses pequenos escorregões não chegam a comprometer o bom desenvolvimento da história. Também não deixa de ser surpreendente (e saudável) ver a própria Disney bancando um filme que tira um sarro do tipo de produção pela qual o estúdio ficou famoso. Vale conferir o longa, é uma grata surpresa.

Ficha de Encantada no Adoro Cinema

26 de nov. de 2007

Deu a Louca na Cinderela

A máxima “nada se cria, tudo se copia” é surrada, mas novamente pode ser usada neste filme. A idéia de brincar com os personagens tradicionais dos contos de fadas é boa, mas está longe de ser nova - é só lembrar da trilogia Shrek. Porém isto não é suficiente para tornar Deu a Louca na Cinderela em um filme ruim, até porque nos dias atuais é raríssimo assistir a algo, na TV ou no cinema, que não tenha referência a algo já feito. O problema do filme é que ele muda os conceitos dos personagens para incluí-los numa nova história que nada mais é do que também um conto de fadas, nos mesmos moldes daqueles que são “criticados”. Ou seja, muda para tornar-se igual. A sensação de mais do mesmo é inevitável.

Apesar disto o início é bacana, com a brincadeira em torno da apresentação da madrasta de Cinderela. Há algumas citações sarcásticas que até divertem, mas que rareiam à medida que a história prossegue. A própria transformação do príncipe numa espécie de Johnny Bravo afetado chama a atenção de início, mas cansa. Além disto os personagens coadjuvantes são bastante infantilizados, o que se por um lado atende ao público-alvo do filme também os torna bastante simplórios para quem ao menos já tenha chegado à adolescência.

E aos incautos um aviso: este filme nada tem a ver com Deu a Louca na Chapeuzinho, lançado nos cinemas no ano passado e bastante superior. Trata-se apenas de uma tentativa da distribuidora de aproveitar o sucesso do filme para emplacar outro com título parecido, sem que haja qualquer conexão entre eles.

25 de nov. de 2007

Frase do Dia

“Ter um filho pode ser dispensável, mas só há um falcão maltês.”

(Kasper Gutman, personagem de Sydney Greenstreet em Relíquia Macabra, considerando sobre a proposta feita por Sam Spade)

24 de nov. de 2007

A Lenda de Beowulf


Um filme B com muito dinheiro. Assim é A Lenda de Beowulf, que impressiona pelo apuro técnico de sua animação mas que decepciona muito pela pobreza de seu roteiro.

Na verdade nem há muito o que contar. O roteiro é baseado em um poema épico de autor desconhecido, que trata da batalha de um herói contra um monstro e sua mãe, que seduz quem a enfrenta. Se fosse apenas se ater a isso talvez o filme tivesse uns 40, 50 minutos apenas. Para completar sua duração são incluídas inúmeras piadas de cunho sexual, algumas constrangedoras, além da velha situação do personagem nu em que algum objeto ou situação esconde partes de seu corpo. Sim, porque Beowulf decide lutar contra Grendel inteiramente nu. A justificativa? “O monstro não tem armas, então também lutarei sem”. O que inclui armadura e roupas, é claro, nada mais lógico.

É tudo um meio para esconder que o filme pouco tem a dizer. E com isso são várias as cenas de ação, envolvendo até mesmo “histórias de pescador” de Beowulf, todas com o objetivo maior de ocupar espaço de forma que a história possa render um longa-metragem. Só que nenhuma destas cenas é realmente boa. Há uma qualidade técnica na animação que chama bastante a atenção, mas apenas por este lado. As cenas de ação não empolgam, são frias demais. Além disto os personagens são vazios, formados em grande parte por frases de efeito ou de duplo sentido, o que acaba tornando-os artificiais e, em certos casos, exagerados. Há um tom declamatório em algumas cenas que chega a ser irritante.

Por outro lado o filme tem méritos na animação dos atores. A Lenda de Beowulf utiliza o método da captura de movimentos, em que os atores atuam diante de uma tela verde e sua atuação é “transportada” para seu personagem em cena, que pode ter qualquer formato. Não é algo novo, o próprio Robert Zemeckis o utilizou em O Expresso Polar. A atuação em si não é nada de mais, mas a animação do rosto dos personagens em certos casos impressiona por possibilitar que se reconheça o ator em cena. É o que acontece com Anthony Hopkins, Alison Lohman e, principalmente, John Malkovich.

A Lenda de Beowulf é um filme ruim, que merece créditos apenas por seu lado técnico. Está mais do que na hora de Robert Zemeckis retornar aos filmes com atores, onde seu desempenho como diretor é bem superior.

Ficha de A Lenda de Beowulf no Adoro Cinema

Calendário de Lançamentos

Segue a relação atualizada dos lançamentos da Paramount Pictures nos cinemas brasileiros no próximo ano:

04 JAN COISAS QUE PERDEMOS PELO CAMINHO (Things We Lost In The Fire)

11 JAN ELIZABETH : A ERA DE OURO (Elizabeth: The Golden Age)

18 JAN O CAÇADOR DE PIPAS (Kite Runner)

25 JAN O GÂNGSTER (American Gangster)

01 FEV UNTITLED JJ ABRAMS (Ainda Sem Título Em Português)

08 FEV ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ (No Country For Old Men)

15 FEV DESEJO E REPARAÇÃO (Atonement)

22 FEV NA NATUREZA SELVAGEM (Into The Wild)

29 FEV JOGOS DO PODER (Charlie Wilson’s War)

29 FEV HOW SHE MOVE (Ainda Sem Título Em Português)

14 MAR THE EYE (Ainda Sem Título Em Português)

21 MAR AS CRÔNICAS DE SPIDERWICK (The Spiderwick Chronicles)

28 MAR A TALE OF TWO SISTERS (Ainda Sem Título Em Português)

11 ABR THE RUINS (Ainda Sem Título Em Português)

18 ABR MEU NOME É TAYLOR, DRILLBIT TAYLOR (Drillbit Taylor)

18 ABR O PROCURADO (Wanted)

25 ABR WELCOME HOME ROSCOE (Ainda Sem Título Em Português)

01 MAI HOMEM DE FERRO (Iron Man)

09 MAI DEFINITELY, MAYBE (Ainda Sem Título Em Português)

22 MAI INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL (Indiana Jones And The Kingdom Of The Crystal Skull)

22 MAI THE PIRATES WHO DON’T DO ANYTHING (Ainda Sem Título Em Português)

30 MAI WILD CHILD (Ainda Sem Título Em Português)

13 JUN THE INCREDIBLE HULK (Ainda Sem Título Em Português)

27 JUN BABY MAMA (Ainda Sem Título Em Português)

04 JUL KUNG FU PANDA (Kung Fu Panda)

18 JUL NIM’S ISLAND (Ainda Sem Título Em Português)

25 JUL TROPIC THUNDER (Ainda Sem Título Em Português)

01 AGO THE MUMMY: TOMB OF THE DRAGON EMPEROR (Ainda Sem Título Em Português)

15 AGO MAMMA MIA! (Mamma Mia!)

22 AGO LOVE GURU (Ainda Sem Tít. Port.)

05 SET CASE 39 (Ainda Sem Título Em Português)

05 SET HELLBOY II (Ainda Sem Título Em Português)

19 SET GHOST TOWN (Ainda Sem Título Em Português)

19 SET FORGETTING SARAH MARSHALL (Ainda Sem Título Em Português)

03 OUT NOWHERELAND (Ainda Sem Título Em Português)

17 OUT EAGLE EYE (Ainda Sem Título Em Português)

24 OUT DEATH RACE (Ainda Sem Título Em Português)

12 DEC MADAGASCAR 2 (Ainda Sem Título Em Português)

23 de nov. de 2007

Chama o Nascimento

É sempre bom ver um filmaço como Tropa de Elite conquistando seu espaço e se tornando referência. No entanto, a atual mania nacional vem gerando manifestações no mínimo duvidosas. Segundo a coluna Gente Boa, do jornal O Globo, algum gaiato enfiou um saco plástico na cabeça das vaquinhas de acrílico expostas na Lagoa, numa referência ao estilo de tortura favorito do Capitão Nascimento. OK. Como piada é engraçado, mas não deixa de ser preocupante o modo como os métodos do personagem (que está longe de ser pintado como herói no filme) se tornaram populares. Vamos torcer para a brincadeira se limitar a seres inanimados.

A Noiva Perfeita


Homem e mulher que antipatizam um com o outro à primeira vista se unem contra a vontade e, com a convivência, se descobrem loucamente apaixonados. Quantas vezes já se viu uma história assim? Provavelmente, desde que os irmãos Lumière inventaram o cinema. Claro que é perfeitamente possível fazer um filme interessante partindo de um argumento manjadíssimo… Mas não é o que acontece em A Noiva Perfeita, que oscila entre os estereótipos e as situações simplesmente absurdas.

O arranjo, neste caso, é o seguinte: ela precisa de dinheiro e ele, de uma noiva para apresentar à família e se ver livre da pressão da mãe e das cinco irmãs para que se case e deixe de viver na Terra do Nunca. Já soa pouco plausível, não? É bom ressaltar que o sujeito em questão tem 43 anos e é um profissional bem-sucedido. Ou seja: bastaria dizer com todas as letras à família que não está interessado em se casar. Mas não. Ele prefere pagar a uma desconhecida para se fazer passar pela mulher da sua vida e depois abandoná-lo, deixando-o, assim, no papel de coitadinho perante a mãe e as irmãs.

Certamente que existem muitos homens imaturos e comandados pela família, mas tamanha dependência não combina com o modo como o personagem é apresentado. E os motivos da pressão da família tampouco são convincentes. Numa cena, uma das irmãs queixa-se de ter que lavar e passar a roupa dele. Não seria mais simples - e barato - pagar alguém para cuidar da roupa ao invés de engendrar um plano tão evidentemente fadado ao fracasso? Esse é o grande problema em A Noiva Perfeita: todas as decisões do personagem soam artificiais. Só um idiota completo raciocinaria como ele e o personagem não é caracterizado como um idiota em outras áreas da sua vida. A noiva de aluguel também é cheia de incoerências, sendo a mais esquisita delas a questão de estar precisando de dinheiro e insistir em adotar um bebê brasileiro (!). Mas não é tudo: ainda existem seqüências inteiras que chegam a ser constrangedoras de tão sem graça, com destaque especial para a cena em que eles se fantasiam de sado-masoquistas. Parece coisa do Repórter Vesgo.

Resumindo: trata-se de um filme que, logo no começo, já deixa evidente como se desenrolará. E não apenas segue o caminho da previsibilidade, como também falha em fazer isso com eficiência. O bom elenco, encabeçado pelos simpáticos Alain Chabat e Charlotte Gainsbourg, não consegue amenizar a sensação de tempo perdido.

Angel-A


Eu não tenho exatamente uma opinião formada sobre Luc Besson. Seus filmes mais elogiados me dividem: não consigo gostar de Imensidão Azul, mas acho O Profissional e Nikita muito bons (Subway eu nunca assisti). Dos recentes, considero O Quinto Elemento um caça-níqueis e Joana D’Arc bastante razoável. Angel-A, rodado em 2005, vem pender a balança para o lado positivo da carreira do cineasta.

Estiloso não apenas na fotografia em P&B, mas também num certo tom expressionista, o longa narra de modo original o tema das duas pessoas desesperadas que se tornam a última esperança uma da outra. André é um malandro atrapalhado que deve a vários criminosos parisienses. Pressionado de todas as maneiras e na iminência de ter seu prazo esgotado, resolve se jogar de uma ponte. Mas uma mulher estranhíssima e bela atrapalha seus planos ao escolher o mesmo lugar para se suicidar. Coincidência ou destino?

Angel-A é um filme bastante poético e inusitado. Ao mesmo tempo, comove pela simplicidade e delicadeza de seu drama humano. Também é aquele tipo de filme sobre o qual não se deve revelar muita coisa, sob pena de diminuir o envolvimento do espectador com essa pequena fábula de amor, esperança e redenção.

Ficha de Angel-A no Adoro Cinema

20 de nov. de 2007

Sugestão

Quem tiver a oportunidade não perca: estréia hoje no canal Telecine Cult, às 22 hs, o divertidíssmo Escola do Riso. Este mês o filme ainda passará no dia 23, às 00:55 hs, depois apenas será reprisado após o Natal.

Ficha de Escola do Riso no Adoro Cinema

19 de nov. de 2007

3D

Está confirmado: A Lenda de Beowulf será também lançado em cópias 3D no Brasil.

Mesmo sem ter visto o filme, recomendo a quem possa que o assista em 3D. Trata-se de uma experiência especial para quem aprecia ir ao cinema.

Rumo ao Framboesa

O fim de ano se aproxima e a expectativa pelas indicações nas premiações cresce. Especialmente uma, ao menos para o público: o Framboesa de Ouro. É sempre curioso ver quais atores, diretores e filmes a premiação resolveu pegar no pé, além da eterna discussão sobre se os “contemplados” mereceram a lembrança.

A lista de indicados sairá apenas em janeiro mas já existe uma pré-lista dos filmes elegíveis, atualizada semanalmente. A relação pode ser conferida aqui, mas um aviso: todos os filmes estão listados pelo seu título original.

Atenção especial aos filmes que estão com link e em lilás, pois têm grandes chances de serem lembrados no próximo Framboesa.

18 de nov. de 2007

Promoção do Beijo

Nesta semana foi inaugurado no Rio de Janeiro mais um complexo de cinemas, no também recém-inaugurado Bangu Shopping. É o 2º multiplex do grupo Cinesystem na cidade, que já operava com 4 salas no Recreio Shopping.

Pois lendo sobre a inauguração descobri uma curiosidade: a Promoção do Beijo. Toda quinta o casal que chegar na bilheteria e se beijar paga apenas um ingresso para os dois. É sério.

Há também outro ponto que chama a atenção: o preço do ingresso, inferior ao que se costuma cobrar na cidade. Segunda, quarta e quinta a R$ 10; sexta a domingo a R$ 12; e nas terças apenas R$ 5.

17 de nov. de 2007

O Estranho Mundo de Tim Burton


Existem inúmeros grandes cineastas. Eu mesma tenho uma lista extensa: Pedro Almodóvar, Woody Allen, David Lynch, Billy Wilder, Roman Polanski, Alfred Hitchcock… Todos grandes ícones, embora nenhum desperte em mim a adoração irrestrita que sinto por Tim Burton. Obviamente existem realizadores mais importantes, mas cinema também é identificação e, nesse quesito, o californiano Timothy William Burton não tem concorrentes.

Nascido em 1958, Tim Burton gostava de desenhar desde criança e sempre foi fascinado pelos filmes clássicos de horror. Estudou numa escola de artes, graças a uma bolsa oferecida pela Disney, iniciando lá sua carreira como aprendiz de animação. Após participar da criação de alguns filmes (mas sem ter seu nome nos créditos), teve sua primeira oportunidade no curta Vincent. Nesse desenho de seis minutos em P&B, Burton presta uma homenagem a seu ídolo Vincent Price e ainda atua como narrador, além de já demonstrar tendência pela estética gótica que o tornaria famoso. Apesar do relativo sucesso, o jovem talento logo entendeu que o padrão Disney estava longe do tipo de filme que ele pretendia realizar.

Seu primeiro sucesso veio alguns anos depois, com a comédia de humor negro Os Fantasmas se Divertem. Foi, então, escolhido para dirigir a aguardada versão para o cinema de Batman. O resultado causou controvérsias e esteve longe de ser uma unanimidade, mas não se pode negar que o cineasta realizou um longa estiloso e marcante, assim como sua seqüência - não se pode dizer o mesmo dos filmes seguintes realizados pelo burocrático Joel Schumacher.

Em Edward Mãos de Tesoura, Tim Burton iniciou a parceria com um ator que também demonstra ter uma queda por produções pouco usuais: Johnny Depp. Funcionou tão bem que eles fizeram mais cinco filmes juntos: Ed Wood - que Burton considera seu projeto mais pessoal - A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, A Fantástica Fábrica de Chocolate, A Noiva-Cadáver e o ainda inédito musical Sweeney Todd.

Durante as filmagens do remake de Planeta dos Macacos, Tim Burton iniciou outra bem-sucedida parceria, desta vez amorosa, com a atriz Helena Bonham-Carter. Eles namoraram, casaram, tiveram um filho e seguem trabalhando juntos. Olhando o casal, percebe-se que foram feitos um para o outro. Helena, além de ótima atriz, é uma figura tão exótica quanto as criações de seu marido.

Alguns aspectos são constantes na obra de Tim Burton e já viraram uma assinatura do seu estilo: estética dark, direção de arte arrojada e um certo humor negro mesclado a temas infantis como Natal ou Halloween. O Estranho Mundo de Jack, por exemplo, faz uma bisonha mistura de ambos. OK, Burton não é creditado como diretor e sim como roteirista e produtor… Mas alguém realmente considera que esse filme foi dirigido por Henry Selick?

Burton recentemente assinou um contrato para produzir dois filmes de animação em 3D para a Disney. O primeiro, cuja produção se iniciará em maio de 2008, será uma releitura do clássico Alice no País das Maravilhas e usará o arrojado sistema de captura de movimentos também utilizado em A Lenda de Beowulf. O segundo será a versão longa de Frankenweenie, curta dirigido pelo próprio Burton em 1984. A trama gira em torno de um cachorro ressuscitado pelo dono (alguma semelhança com o fofíssimo cachorrinho-esqueleto de A Noiva-Cadáver?) e será feito em stop-motion, técnica preferida do cineasta.

16 de nov. de 2007

O Dia Seguinte

Há algo de estranho em assistir a O Dia Seguinte nos dias atuais. Não pelo filme em si, que mantém seu vigor ao alertar sobre os perigos de uma guerra nuclear, mas pelos dias atuais. Quando o filme foi lançado, em 1983, o mundo estava em plena Guerra Fria. Uma guerra nuclear era algo possível para a qualquer instante, ao menos esta era a sensação geral. Não que este risco esteja de todo afastado, mas a tensão mundial hoje é bem mais amena. Assistir ao filme agora não é apenas lembrar do tema, mas sim de uma época. É a Guerra Fria que está lá materializada, o que serve também para se analisar o quanto o mundo mudou de lá para cá.

Não que o mundo tenha se tornado um lugar mais calmo desde então. Se não há a ameaça constante de uma guerra nuclear, há o aquecimento global esquentando todos os recantos da Terra. Há o terrorismo, que mudou o conceito de perigo de grandes situações para algo menor e inesperado. Ver O Dia Seguinte é como assistir a uma época distante dos dias atuais, mas que é apenas de pouco mais de duas décadas atrás. Uma época em que o mundo ainda se dividia entre capitalistas e socialistas, em que a União Soviética e a Alemanha Oriental existiam, em que a internet sequer era sonhada. Muitos de nós vimos esta época acontecer, nem que seja um pedaço dela, e hoje ela é parte de um passado em que pouco é percebido em nosso cotidiano. O Dia Seguinte é um filme claramente datado mas que, mesmo assim, pode-se notar o impacto que causou na época em que foi lançado.

Ele segue a estrutura de um filme-catástrofe dos anos 70: poucos efeitos especiais, que nos dias atuais são bastante simplórios, e atores de renome protagonizando diversas histórias paralelas, todas afetadas pela catástrofe ocorrida. Como filme O Dia Seguinte não tem nada de inovador. Seu valor maior é justamente pela abordagem de um tema sensível e polêmico em pleno governo Reagan, naquela sensação palpável de que o exibido era viável. A coragem em fazer o filme é tão importante quanto o filme em si. É daqueles casos de que o momento em que foi lançado dá ao filme uma dimensão maior do que ele realmente é, algo que ocorreu recentemente com Fahrenheit 11 de Setembro. Apenas o tempo é capaz de colocá-lo em seu devido lugar.

O Dia Seguinte, visto hoje, continua sendo um bom filme. Datado e com limitações mais visíveis do que nunca, mas ainda um bom filme. Só que na época em que foi lançado representou muito mais do que isso, algo que não deve ser esquecido.

Ficha de O Dia Seguinte no Adoro Cinema

O Magnata


Tentei. Fui assistir a O Magnata despido de preconceitos, apesar das críticas negativas que já tinha lido. Tinha até uma certa esperança de que o filme poderia surpreender pelo visual aplicado pelo diretor Johnny Araújo. Mas não dá. O filme é ruim demais.

E é ruim demais devido ao roteiro, pelos excessos na caracterização dos personagens e por certos diálogos e cenas. Tudo bem que a intenção é mostrar a juventude descerebrada, que quer se divertir a qualquer custo sem se importar com alguém, nem mesmo com quem está ao seu lado. De certa forma é um universo parecido com o mostrado em Ódiquê, só que agora envolvendo os paulistas ao invés dos cariocas. É uma realidade que irrita mas existe, logo, é aceitável. Só que todos os personagens são tão simplistas, tão rasos, que é difícil até aceitá-los como verdadeiros dentro daquela realidade. São palavrões, gírias, maneirismos, poses e estilos gratuitos, que servem para maquiar o quanto os personagens não têm a dizer. E, como são usados em excesso, incomodam bastante.

Mas o pior são os diálogos. Alguns são inacreditáveis, como o que um bandido avisa ao Magnata que ele está lidando com o crime. Você já viu algum bandido, na vida real ou na ficção mesmo, avisar que alguém está falando com o crime, este termo genérico que engloba de tudo um pouco? Ou, independente do termo, fazer um aviso nestes moldes? Outra pérola é quando a personagem Rê, magoadíssima, dá um gelo em Dri e, 20 segundos depois, diz que está tudo bem e vamos pra balada. É inacreditável não o perdão, mas a rapidez com que ele acontece. E o filme é assim, cheio de situações incoerentes, ao longo de toda sua duração.

O que salva O Magnata do fracasso completo é seu visual. Em estilo videoclip, usando truques de câmera, algo bem próximo da linguagem MTV. Funciona de início, mas também tem seus exageros. Lá pela metade surge uma animação a la “Porteiro Zé”, também gratuita mas que está presente para dar mais uma pitada de “estilo” ao filme. Aliás, o filme é isso: um exercício excessivo de “estilo”, desesperado para mostrar o universo dos personagens a todo custo.

Um aviso final, a quem se arriscar a assisti-lo: evite os cinemas com um bom sistema de som. Nem tanto pela qualidade da música, mas porque o volume é altíssimo. Pelo bem dos seus tímpanos.

Ficha de O Magnata no Adoro Cinema

Meu Melhor Amigo

O protagonista é François Coste, um competitivo e egoísta marchand. Durante seu jantar de aniversário Catherine, sua sócia, lhe diz que ele não possui nenhum amigo, no que é apoiada pelos demais. François não concorda, o que faz com que Catherine lhe lance um desafio: ele tem dez dias para apresentar ao grupo um grande amigo, senão terá que lhe dar o caríssimo vaso grego que acabou de arrematar num leilão.

O personagem de Daniel Auteil é pintado como alguém intragável. Nem tanto. Tá certo que o sujeito é bastante anti-social, mas também não chega a ser uma versão de carne e osso do Sr. Burns (o patrão de Homer Simpson, esse sim um tremendo vilão). O que incomoda em Meu Melhor Amigo é justamente que as situações não fluem com naturalidade: é como se, uma vez escrito o argumento, ninguém se preocupasse em como fazer o personagem chegar lá porque já estava estabelecido que ele é um cara insuportável e que seria desafiado a conseguir um amigo. Soa absurdo o sujeito chegar para a comemoração de seu aniversário e ser atacado tão sem piedade do jeito que ocorre no longa. Se todos o detestavam tanto, bastava não dividir a mesa com ele.

E é assim que o filme caminha, muito carente de sutilezas. As mudanças são bruscas demais. A melhor seqüência, sem dúvida, é aquela em que o personagem de Dany Boon participa de um quiz show parecidíssimo com o Show do Milhão. E, diga-se de passagem, o fato ocorre devido a uma pista bem plantada do roteiro. Mas esse trecho não chega a levantar a bola do filme, porque o desfecho joga tudo no lugar-comum de novo. O resultado final é apenas mediano.

Ficha de Meu Melhor Amigo no Adoro Cinema

14 de nov. de 2007

Subversão, Caos e Sabonete


Certos filmes envelhecem melhor do que outros. Enquanto alguns que você adora ao assistir perdem o encanto já na segunda conferida, outros se tornam cada vez mais fascinantes. Ontem revi (acho que pela terceira vez) Clube da Luta. Não é que eu tenha desgostado na primeira vez, mas foi tanto estardalhaço por conta do maluco paulista que entrou num cinema e abriu fogo contra os espectadores que isso acabou prejudicando uma análise mais objetiva do filme em si.

Clube da Luta, que eu considero o melhor filme de David Fincher, é uma das produções mais originais e subversivas de todos os tempos. Não apenas na trama, mas também em seu formato externo. O personagem Tyler, que tem o hábito de inserir imagens pornográficas em filmes “família”, faz suas inserções também no filme como se fosse uma pessoa real. E o que dizer da hilária advertência assinada por Tyler que aparece na tela logo após a lengalenga padrão do uso permitido do DVD?

Para quem não viu ou não se lembra, a história defende a tese de que a sociedade consumista leva as pessoas ao entorpecimento dos sentidos e, num estágio mais avançado, à loucura. Edward Norton interpreta Jack, um sujeito que vive para “ter coisas”. Seu passatempo preferido é fazer compras por telefone, adquirindo bens inúteis como quem toma drogas.

“Eu folheava os catálogos e me perguntava ‘que tipo de porcelana me define como pessoa?’.“

A insônia o atormenta e ele não sabe a razão de sua infelicidade constante. Até que passa a freqüentar grupos de auto-ajuda para moribundos e/ou desenganados e descobre que cercar-se de pessoas realmente infelizes lhe restitui a paz de espírito. Talvez passasse o resto da vida nesse novo vício se não conhecesse, numa viagem de trabalho, Tyler Durden. Descolado, sexy, rebelde, enfim, tudo que Jack gostaria de ser. Tyler lhe apresenta um novo prazer: lutar. Simples assim. Dois homens quebrando a cara um do outro. Não demora para surgir o Clube da Luta, uma instituição cuja primeira regra é “você não fala sobre ele”.

Se fosse apenas isso, já seria original. Mas a trama não fica por aí. Um clube como esse está fadado a reunir pessoas que estão no limite de sua paciência e, portanto, ansiosas para detonar as instituições. Rebeldia, sede de liberdade ou puro terrorismo? No desfecho, quando a verdade sobre os personagens é revelada, fica claro que a trama não é uma apologia do terrorismo. Mas, ainda assim, resta em nossas mentes a incômoda certeza de que a sociedade moderna produz seus próprios monstros. Como diz Jack ao patrão numa cena “um maluco pode sair por aí com uma arma semi-automática atirando nos colegas de trabalho. Pode ser alguém que você conhece há anos.”

Edward Norton, aliás, é a alma do filme. Apesar de sua ainda curta filmografia, iniciada em 1996, Norton é um dos atores mais versáteis e geniais de sua geração. Não foi à toa que já em seu primeiro filme, As Duas Faces de um Crime, ele foi indicado ao Oscar de melhor coadjuvante. Ed já foi skinhead (A Outra História Americana, que lhe rendeu a segunda indicação), policial federal (Dragão Vermelho), padre (Tenha Fé, sua estréia na direção), nerd apaixonado (Todos Dizem Eu Te Amo), ladrão (A Cartada Final e Uma Saída de Mestre), mágico (O Ilusionista) e até um rei medieval (Cruzada). Atualmente, ele tem filmado Hulk 2 numa favela aqui no Rio. E dizem que anda por aí sem guarda-costas. Em Clube da Luta, ele tem uma de suas melhores e menos elogiadas performances. Também Helena Bonham-Carter arrasa como a sexy e auto-destrutiva Marla Singer.

Creio que Clube da Luta foi um filme bastante injustiçado. A maioria das pessoas que o assistiram se detiveram na questão da porradaria e o consideram um similar das fitas do Van Damme. E o filme definitivamente não é sobre um grupo de caras sem camisa se batendo (embora essas cenas também sejam interessantes). É sobre várias coisas, mas não sobre isso. É sobre subversão, caos e sabonete, como diz seu slogan. E muito mais.

Filosofando com Marla

“A camisinha é o sapatinho de cristal da nossa geração. Você veste um quando conhece um estranho. Você dança a noite toda. Daí você joga fora.”
(Marla Singer, personagem de Helena Bonham-Carter em Clube da Luta, e seu muito prático modo de pensar)

12 de nov. de 2007

Oscar de Animação - Histórico

Oscar de Animação

Leia: Confira os candidatos ao Oscar 2008 de filme de animação

12 candidatos e uma disputa que promete colocar frente a frente dois representantes de gêneros bem distintos da animação: Ratatouille e A Lenda de Beowulf. O primeiro feito em animação computadorizada e contando com a qualidade Pixar de sempre, o segundo apostando na inovadora técnica explorada por Robert Zemeckis, que capta as atuações e as transfere para personagens digitais, que podem nada ter a ver com o tipo físico do próprio ator.

A Lenda de Beowulf ainda não estreou nos Estados Unidos, mas tem sido apontado pela imprensa de lá como o favorito na disputa. Acho precipitada uma afirmação do tipo, visto a excelência de Ratatouille. Mas pelo visto dificilmente a estatueta dourada não ficará com um dos dois.

Não que os demais filmes sejam ruins. Os Simpsons é divertidíssimo e Shrek Terceiro, apesar de ser inferior aos anteriores, tem uma animação que impressiona. Mas ambos estão ao menos um nível abaixo de Ratatouille. Podem até serem indicados ao Oscar, mas dificilmente passarão disto - ao menos na categoria de melhor filme de animação. “Persépolis”, representante francês na categoria de filme estrangeiro, pode também aparecer, caso a Academia resolva apostar nas animações de fora dos Estados Unidos - o que já aconteceu com As Bicicletas de Belleville, A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado.

Agora, interessante mesmo seria se a zebra “Aqua Teen Hunger Force Movie Film for Theaters” fosse indicada. Apenas para ver como seria a participação de Almôndega, Shake e Batatão na cerimônia de entrega do Oscar, já que é tradicional o uso de animações curtas com os personagens dos filmes indicados nesta categoria.

10 de nov. de 2007

Frase do Dia

“Sabe o que Einstein disse sobre a 3ª Guerra Mundial? Que não sabia como a lutariam, mas sim a 4ª Guerra Mundial. Com paus e pedras.”

(Joe Huxley, personagem de John Lithgow em O Dia Seguinte, sobre as consequências de uma guerra nuclear)

9 de nov. de 2007

Projeta Brasil

Leia: Projeta Brasil leva quase 200 mil aos cinemas

195 mil pessoas em um único dia. Apenas para assistir a filmes nacionais. Numa segunda, ou seja, dia de semana. O motivo? Ingresso a R$ 2.

Ok, R$ 2 é barato até demais. É inviável ter em qualquer país um circuito comercial com preços tão baixos assim. Mas levanta mais uma vez a questão: há interesse em assistir cinema, neste caso cinema brasileiro, o que não há é condição de se pagar regularmente quase R$ 20 por pessoa por um único ingresso. O modelo atual pode até render altos lucros com os blockbusters, que lotam independente do preço cobrado, mas é muito prejudicial a filmes médios e pequenos, pois dificulta bastante que as pessoas assistam a vários filmes no mesmo mês. Sem falar que favorece a pirataria, que cobra bem menos do que o produto oficial.

O desempenho do Projeta Brasil é apenas mais uma mostra de que, quando as exibidoras baixam os preços, o público comparece.

No Vale das Sombras


In the Valley of Elah, o enigmático título original do longa, refere-se ao local (hoje parte de Israel) onde, de acordo com a Bíblia, teria ocorrido o confronto entre Davi e Golias. Só por aí já dá para termos uma idéia da vertente seguida por Paul “Crash” Haggis neste seu novo filme. Assim como o rei Saul mandou um garoto enfrentar um gigante armado com cinco pedras, o governo americano tem mandado meninos fantasiados de soldados para sofrer todo tipo de dano no Iraque. E a que custo? O dano físico é apenas a parte mais visível. Mas e quanto aos traumas que uma experiência como essa causa no emocional de alguém que ainda nem abandonou a adolescência?

Hank Deerfield, orgulhoso ex-militar, recebe com choque a notícia de que seu filho Mike teria desertado do Exército em seu primeiro final de semana em casa após retornar do Iraque. Inconformado, Hank decide investigar o desaparecimento do filho por conta própria. Emily Sanders é policial, mãe solteira e constantemente discriminada pelo clube do bolinha da delegacia. Embora Mike tenha desaparecido em sua jurisdição, todos parecem felizes em empurrar a responsabilidade para os investigadores militares. Juntos, Hank e Emily tentam juntar as peças do quebra-cabeça a despeito da relutância das autoridades e, aos poucos, um simples caso de deserção transforma-se num mistério cada vez mais intrincado.

Para escrever esse provocador roteiro, Paul Haggis inspirou-se num artigo publicado na Playboy americana. O filme, num primeiro momento, parece uma patriotada. Mas logo o espectador perceberá que a irritação que sente foi deliberadamente planejada e que aquela empáfia e ufanismo do personagem de Tommy Lee Jones é um prenúncio. Como ele dolorosamente descobre, suas queridas forças armadas são um ídolo com pés de barro. Numa ótima performance, o ator vai se alquebrando e abatendo-se fisicamente à medida que tem seus mais arraigados princípios subvertidos. Charlize Theron mais uma vez precisa fazer um esforço enorme para ficar menos bonita e deixar aflorar um personagem sofrido e subestimado. Esforço compensado, porque sua policial interiorana e complexada é bastante convincente.

Outro trunfo do roteiro é trabalhar à perfeição a inversão de expectativas. Quanto a isso nada mais posso dizer, sob pena de “entregar” demais o desenvolvimento da trama. No todo, No Vale das Sombras não apenas é um filme realizado com extrema competência como também com muita coragem. Comparado a Crash, seu formato é bem tradicional. Mas, em termos de ideologia, é até mais provocador.

O filme estréia daqui a três semanas, no dia 30. Não deixem de conferir.

Ficha de No Vale das Sombras no Adoro Cinema

8 de nov. de 2007

Sem Controle


Certos filmes mereciam melhor sorte nos cinemas. Sem Controle foi lançado na sexta e não ficou nem entre os 20 filmes mais vistos no último final de semana. Fiasco absoluto. Com tal desempenho é provável que nem esteja em cartaz daqui a duas semanas, ao menos nas principais capitais. E, assistindo ao filme, pode-se notar que ele não merece tamanho abandono.

Há algo de ousado neste filme. O tema principal é relembrar a história de Manoel da Mota Coqueiro, condenado à forca durante o reinado de Pedro II e que serviu de estopim para o fim da pena de morte no Brasil. Poderia se contar esta história através de um filme de época, seguindo uma narrativa clássica. Seria o convencional e até natural. Mas a diretora Cris D’Amato e o roteirista Sylvio Gonçalves fugiram do óbvio e incluíram esta mesma trama em um universo que envolve também a dramaturgia e a loucura. E esta mescla é que torna o filme tão interessante.

Há fases muito nítidas no decorrer da história: a crise de Danilo e sua ambientação na casa de repouso, seu envolvimento com Aline, as aulas de dramaturgia com os internos e o desfecho. Todos estes trechos possuem elementos que prendem a atenção, seja pela estranheza do que é mostrado ou pelos próprios personagens em cena. Os internos são o grande destaque, especialmente observar suas peculiaridades, tanto em seu estado natural como no quanto elas influenciam em suas tentativas de atuação. E atenção especial a Milena Toscano, intérprete de Aline, que cria com bastante competência um clima de sedução e perigo com Danilo, personagem de Eduardo Moscovis.

Um bom filme, que traz ainda um final de certa forma inusitado. Se for parar para pensar ele é até óbvio, mas por seguir um rumo diferente do que se costuma ver em filmes de suspense deixa uma sensação de surpresa. Vale a pena uma ida ao cinema, mas vá logo: não deve durar muito tempo no circuito.

Ficha de Sem Controle no Adoro Cinema

Antes Só do que Mal Casado

Os irmãos Farrelly adoram bizarrices e escatologia. Em alguns filmes até usam estes elementos como material para a própria história, como acontece em O Amor é Cego e Ligado em Você. Em outros usam apenas para expressar seu mal gosto, na intenção de provocar supostas piadas. É o que acontece com Antes Só do que Mal Casado.

Não há qualquer justificativa para a inserção do desvio de septo nasal na personagem Lila, interpretada por Malin Akerman, a não ser provocar diversas cenas em que ela “vomita” pelo nariz o que bebe ou come. É, isso mesmo. Há cenas de carne saindo pelo nariz, de pílula saindo pelo nariz, etc. Engraçado, não? Os Farrelly acham.

Mas deixemos de lado a escatologia e vamos à história: Eddie Cantrow, interpretado por Ben Stiller, é um solteirão convicto que, após encontrar a suposta mulher dos seus sonhos, é levado a se casar com ela após apenas 6 semanas de namoro. Na lua-de-mel descobre que ela não é a maravilha que imaginava e se apaixona por outra mulher, que está no hotel juntamente com sua família.

Trata-se de um filme maniqueísta ao extremo. Alguém duvida que Lila se torna um inferno para Eddie, de todas as formas possíveis? E alguém duvida que Miranda, interpretada por Michelle Monaghan, a nova paixão de Eddie, é a perfeição em pessoa? Não há a menor dúvida quanto a isto, é 8 ou 80 de forma explícita. A questão moral de Eddie paquerar outra mulher em plena lua-de-mel é relegada a segundo plano, quase não tem importância. Exagera-se tanto na demonização de Lila que esta atitude torna-se até compreensível ao público. E é no exagero que a história desanda. Os Farrelly insistem tanto que uma é o demônio e a outra é a mulher perfeita que tudo soa falso demais. E, mesclado às cenas de escatologia, Antes Só do que Mal Casado torna-se um filme entediante e desagradável.

Ao assistir comédias como esta é que valorizo ainda mais produções como Podecrer! e Hairspray - Em Busca da Fama, que conseguem divertir sem serem apelativos.

Ficha de Antes Só do que Mal Casado no Adoro Cinema

6 de nov. de 2007

Henry Fool & Fay Grimm

O Festival do Rio trouxe Fay Grim, sequência tardia de As Confissões de Henry Fool. São 10 anos de distância entre eles. Porém, mais do que o tempo, a maior diferença entre os filmes é conceitual. São filmes inteiramente diferentes em sua proposta, apesar de contarem com os mesmos personagens.

Henry Fool é um drama que busca discutir a situação do livre pensador na sociedade atual e, de leve, critica a indústria do entretenimento - a literária, no caso, devido à publicação do livro de Simon Grim. Fool é um homem incomodado, questionador, que não se adapta perfeitamente ao mundo em que vive. Esta revolta pessoal faz com que mude de lugar rotineiramente, surgindo e desaparecendo de repente, como ocorre logo no início do filme. Por outro lado há Simon Grim, um jovem lixeiro que muitos consideram ter algum retardamento mental. O encontro com Fool faz com que Simon desabroche, ao mesmo tempo em que o próprio Fool passa a ter raízes. As mudanças de comportamento em ambos os personagens, ocorridas lentamente, são o motor da trama.

Fay Grim tem um tom forte de farsa, uma intenção de brincar com os personagens e a própria história. A reviravolta criada em torno de Henry Fool, agora transformado em agente secreto, é muito brusca e, para quem viu os filmes na ordem correta, surpreendente. Entretanto não é absurda. Há vazios na história de Fool que permitem esta interpretação do personagem, apesar de ser algo impensável ao assistir o original. O tom de brincadeira imposto por Hal Hartley, diretor e roteirista de ambos os filmes, continua no clima de suspense satírico criado em torno de Fay Grim, agora alçada a personagem central.

Ao assistir aos filmes, ambos bons, a pergunta que fica é o que fez Hal Hartley provocar uma mudança tão radical de um filme para o outro. O desfecho de As Confissões de Henry Fool permite, sem muita dificuldade, uma sequência. Não seria surpreendente sua existência, mas é que Fay Grim seja tão diferente no tratamento que dá à história e aos personagens.

Durante o Festival do Rio ouvi um comentário sobre Fay Grim que dizia que o filme era “uma traição de Hal Hartley”. Não é para tanto, mas também é uma sensação bastante compreensível ao ver ambos os filmes.

Ficha de As Confissões de Henry Fool no Adoro Cinema

Ficha de Fay Grim no Adoro Cinema

5 de nov. de 2007

Os Efeitos da Greve

Leia: Roteiristas de Hollywood entram em greve hoje

O que tantas vezes foi alardeado enfim aconteceu: greve em Hollywood. Mas, afinal de contas, até que ponto isto afeta a indústria?

O cinema será pouco afetado, a não ser que a greve se estenda por muito tempo. Os estúdios, que não são bobos, fizeram um estoque de roteiros nestes últimos meses. Como os filmes que serão lançados no próximo ano em sua imensa maioria já estão em andamento, a greve pouco afetará a curto prazo. Caso a greve dure vários meses ainda há os roteiros de estoque, que podem ser utilizados. Se durar por muito tempo aí sim haverá um grande impacto. Mas esta é uma possibilidade pequena de acontecer, especialmente pela pressão que certamente ocorrerá no lado mais atingido pela greve: a TV.

O impacto da greve para a TV será quase que imediato. Primeiro em programas diários, que necessitam constantemente de redatores e roteiristas, como os programas de entrevistas. Depois nas séries de TV, verdadeiras minas de ouro nos dias atuais. A nova temporada americana está apenas em seu início, mas séries populares como “Lost” ainda nem reestrearam. A 1ª leva de episódios já tem seus roteiros definidos, mas caso a greve se prolongue isto afetaria a produção dos episódios seguintes. O que pode provocar reprises e adiamentos de programas.

Ou seja, a tendência é que quanto mais a greve durar maior força terão os roteiristas, devido às perdas financeiras causadas pela falta de novos programas e episódios. Resta apenas aguardar até quando durará esta queda-de-braço.

4 de nov. de 2007

Itatiaia Inaugura Mostra de Cinema

De 23 a 29 de novembro, Itatiaia abriga seu primeiro festival de cinema. Dedicada exclusivamente a produções nacionais, a I Mostra de Cinema Nacional de Itatiaia oferece à população e visitantes um total de 17 filmes realizados em várias partes do país. Todas as sessões têm entrada franca e acontecerão no Teatro Municipal Oswaldo Motta, sempre às 19h. A noite de abertura conta com o elogiado documentário Brasileirinho e também com uma produção local, o curta Itatiaia Visto Por Dentro. Os responsáveis pela iniciativa são a Diretora de Cultura Silvana Medeiros e o curador Luís Arnaldo Gastão. Segundo Silvana, a mostra pretende estimular a formação de platéia no município: “Queremos oferecer para a população de Itatiaia entretenimento de qualidade através da exibição de filmes que dificilmente chegariam à cidade fora de uma mostra de cinema”.

Confiram a programação:

23/11 (Sexta)
Itatiaia Visto Por Dentro (2006) – 23′
Brasileirinho (2007) – 90′

24 /11 (Sábado)
Pedro, Ana e a Verdade (2006) – 12′
Manual Para Atropelar Cachorro (2006) – 17′
Carreiras (2007) – 72′

25/11 (Domingo)
Grassroots (2007) – 55′
Conceição – Autor Bom É Autor Morto (2006) – 78′

26/11 (Segunda)
Um Dia Um Circo (2007) – 56′
O Romance do Vaqueiro Voador (2006) – 71′

27/11 (Terça)
Cidade da Deusa (2007) – 24′
O Olho do Canhão (2005) – 73′

28/11 (Quarta)
Micrometragem (2007) – 15′
Kadinsky (1989) – 21′
Nzinga (2006) - 87′

29/11 (Quinta)
Estória de um Leitor (2005) – 16′
Sombras e Sonidos e Apnéia Metropolitana (2007) – 5′
Um Corpo Subterrâneo (2007) – 83′

Informações adicionais sobre os filmes podem ser obtidas no blog do curador Luís Arnaldo Gastão:

http://cineitatiaia.blogspot.com/

3 de nov. de 2007

Explicando o Top 10 Brasil

O Top 10 Brasil desta semana no Adoro Cinema tem gerado uma certa polêmica. O motivo é a liderança dada a Jogos Mortais 4, enquanto que no ranking divulgado pela Filme B, empresa que apura os dados das bilheterias nacionais, aponta Tropa de Elite como líder. Na verdade ambos estão corretos. Explico.

Desde dezembro de 2006 a Filme B alterou seu formato de elaboração do ranking, deixando de ter por base o público de cada filme e passando a usar a arrecadação dos mesmos nas bilheterias. O motivo desta mudança foi para padronizá-lo ao ranking dos demais países. Quando esta mudança foi adotada o Adoro Cinema decidiu por manter o formato antigo, em que ordenava os filmes de acordo com seu público. Isto ocorreu para manter o formato tradicional apresentado pelo site e também porque consideramos que seja mais interessante ao leitor ter esta informação com base no público do filme ao invés da quantia por ele arrecadada.

Assim tem sido desde então. Ocasionalmente os rankings divergem nas posições de alguns filmes, devido a esta diferença de classificação, mas isto sempre ocorreu em posições intermediárias até esta semana. Se for levado em conta a arrecadação, Tropa de Elite foi o 1º lugar do ranking do fim de semana passado. Já em relação ao público ele cai para 3º, sendo superado por Jogos Mortais 4 e Tá Dando Onda.

Ou seja, tanto os rankings apresentados pelo Adoro Cinema quanto pela Filme B estão corretos. A diferença é o critério de classificação, não os números de cada filme.

Confira o Top 10 Brasil desta semana

2 de nov. de 2007

Massimo Troisi


A história de Massimo Troisi é dramática. Um dia após concluir o filme que o tornaria mundialmente conhecido, O Carteiro e o Poeta, faleceu devido a um ataque cardíaco. Troisi já tinha problemas sérios de saúde, mas resolveu rodar o filme por considerá-lo mais importante. É um caso de artista que se sacrifica em prol da arte, algo também abordado em Piaf - Um Hino ao Amor.

Troisi teve uma carreira curta no cinema, com apenas outros 10 filmes. Nenhum de tanta importância ou repercussão quanto O Carteiro e o Poeta. Seja por reconhecimento ou homenagem, o filme lhe rendeu duas indicações ao Oscar e ao BAFTA, como roteirista e ator. Não foram injustas, especialmente as como roteirista. O Carteiro e o Poeta trata com delicadeza o relacionamento entre uma pessoa culta, de renome mundial, com alguém simples, com uma boa dose de ingenuidade. Não há preconceito ou tentativa de se impor, mas sim uma amizade onde há trocas de ambos os lados. O modo como a poesia e seus efeitos são abordados, como na frase postada logo abaixo, também merece destaque, dando um charme especial à história.

Troisi também não se sai mal como ator, estando convincente como Mario Ruoppolo. Entretanto a sensação que passa é a mesma que tenho com Roberto Benigni em A Vida é Bela, Sylvester Stallone em Rocky ou Woody Allen em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa: não se trata de uma grande atuação, mas sim de um ator interpretando um personagem que melhor explore suas próprias características. Mas para ter esta certeza é necessário ver outros filmes de Troisi, notar se suas interpretações seguem sempre a mesma linha ou diferenciam de acordo com o personagem. Como não pude ainda assisti-los, fico apenas com a impressão. O que, de forma alguma, desmerece o bom trabalho feito em seu filme derradeiro.

Ficha de O Carteiro e o Poeta no Adoro Cinema

A Volta de Penélope


Outro dia desses, revendo o ótimo Volver, de Pedro Almodóvar, ficou ainda mais evidente para mim o quanto Penélope Cruz é outra em sua terra natal. Por algum motivo, a atriz espanhola não consegue interpretar em inglês. A primeira vez que vi Penélope foi numa pequena participação em Carne Trêmula; a segunda, foi novamente num filme de Almodóvar: Tudo Sobre Minha Mãe. Desta vez com maior destaque, me pareceu uma boa atriz. Mas aí a moça migrou para Hollywood, virou símbolo sexual, namorou Tom Cruise e mandou a carreira para o ralo.

Dava pena de ver suas tentativas de virar estrela internacional naufragarem espetacularmente. Porque ela realmente se esforçava! Mas mesmo quando escolhia roteiros razoáveis, como Vanilla Sky, sua interpretação era artificial e forçada. E o que dizer de produções como O Capitão Corelli, Sahara e Bandidas? E não nos esqueçamos da sua maior trapalhada: o inacreditável Sabor da Paixão, onde interpretava uma cozinheira baiana (!) que vira sucesso na TV americana com suas receitas tropicais e ainda vive um romance estranhíssimo com o Murilo Benício atacando de malandro do Pelourinho.

Foi então que, a exemplo do título do filme, Penélope resolveu volver às suas origens. De volta à Espanha e sendo dirigida pelo cineasta que a havia descoberto, a atriz dá um verdadeiro show de interpretação em Volver. Com uma caracterização mais madura e realista, renasce para o espectador uma nova Penélope Cruz. Mais forte, mais intensa e bem mais bonita do que a Barbie na qual estava se transformando. Inesquecível a cena em que a atriz canta o bolerão que dá título ao filme. A grande ironia nisso tudo é o fato desse retorno à Espanha ter lhe proporcionado o que certamente não conseguiria se tivesse insistido apenas numa carreira americana: uma indicação ao Oscar.

Penélope já rodou cinco filmes depois de Volver. Sonhando Acordado (The Good Night, que já chegou aqui em DVD), Manolete (produção espanhola) e Elegy (filme americano da espanhola Isabel Coixet) já estão finalizados. Vicky Cristina Barcelona (novo do Woody Allen, filmado na Espanha) e Nine (aparentemente, uma continuação do 8 ½ do Fellini) encontram-se em pós-produção. Agora, é aguardar para conferir. Mas, pela diversidade de seus novos trabalhos, parece que agora ela finalmente entendeu que o estrelato é conseqüência do bom trabalho e não a razão dele.

Ficha de Volver no Adoro Cinema

Frase do Dia

“A poesia não pertence a quem a escreve mas àqueles que precisam dela.”

(Mario Ruoppolo, personagem de Massimo Troisi em O Carteiro e o Poeta, justificando o uso de uma poesia de Pablo Neruda para conquistar Beatrice)

1 de nov. de 2007

Promoção nos Cinemas

Leia: Grupo Severiano Ribeiro fará promoção às segundas

Confira logo abaixo quais serão os cinemas participantes da promoção:

Rio de Janeiro:
Bay Market -> apenas R$ 4,00 a inteira nos dias 05, 12 e 26 de Novembro de 2007.
Rio Sul, Roxy e São Luiz -> apenas R$ 8,00 a inteira nos dias 05, 12 e 26 de Novembro de 2007.
Iguaçu Top, Grande Rio, Iguatemi, Kinoplex Nova América, Madureira Shopping, Palácio e Via Parque -> apenas R$ 6,00 a inteira nos dias 05, 12 e 26 de Novembro de 2007.

Brasília:
Cinemas Parkplex, Pátio Brasil, Brasília Shopping e Terraço Shopping apenas R$ 6,00 a inteira nos dias 05, 12, 19 e 26 de Novembro de 2007.

Campinas:
Kinoplex Parque D. Pedro apenas R$ 6,00 a inteira nos dias 05, 12 e 26 de Novembro de 2007.

Osasco:
Kinoplex Osasco apenas R$ 6,00 a inteira nos dias 05, 12 e 26 de Novembro de 2007.

Vila Velha - Vitória:
Kinoplex Praia da Costa apenas R$ 6,00 a inteira nos dias 05, 12, 19 e 26 de Novembro de 2007.

Recife:
Multiplex Boa Vista apenas R$ 7,00 a inteira nos dias 05, 12, 19 e 26 de Novembro de 2007.

Manaus:
Cinema Amazonas Shopping apenas R$ 4,00 a inteira nos dias 05, 12 e 26 de Novembro de 2007.

Fortaleza:
Cinema North Shopping apenas R$ 6,00 a inteira nos dias 05, 12, 19 e 26 de Novembro de 2007.

Goiânia:
Cinema Flamboyant apenas R$ 4,00 a inteira nos dias 05, 12, 19 e 26 de Novembro de 2007.
Cinema Goiânia Shopping apenas R$ 6,00 a inteira nos dias 05, 12, 19 e 26 de Novembro de 2007.

Maceió:
Cinemas Iguatemi e Farol apenas R$ 6,00 a inteira nos dias 05, 12, 19 e 26 de Novembro de 2007.

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